Ciclos de produto e o poder de execução.
Diferenças entre times que entregam e times que patinam
E ai! Esse é mais um post da Brilliant Basics, a newsletter sobre tópicos de produto "sem filtro”, onde semanalmente compartilho um pouco minhas experiências construindo produtos há +10 anos.
PS: antes de iniciar vou reforçar: o que está escrito abaixo é a maneira como eu enxergo e acredito, não é cagaç*# de regra.
Esse artigo tá dividido em:
O que é o ciclo de produto?
Quais problemas podem dificultar a cadência do ciclo?
O que é uma “boa cadência” do ciclo?
Exemplos (exclusivo para assinantes)
Eu acredito muito que o grande diferencial de qualquer empresa é o poder de execução.
E para conseguir executar, a chave tá em ter um ciclo de produto “azeitado”, porque se não, acaba caindo naquele ciclo de discovery infinito, desenvolvimento infinito… e todo mundo descontente. Ou, aquele famoso ciclo do “copia pq o concorrente tá fazendo”, que sabemos que não costuma dar muito certo.
Uma frase que sempre me lembro quando falo sobre isso é a do Dave Girouard (que já foi PM na Apple e presidente do Google Enterprise Apps):
A good plan violently executed now is better than a perfect plan next week
Tá… mas o que é esse ciclo de produto?
O ciclo de produto nada mais é que um PDCA (Plan → Do → Check → Act) “remasterizado”. Trazendo um pouco para nosso mundo, fica mais ou menos assim:
Análise: normalmente identificamos uma oportunidade de negócio, uma evolução de produto ou correção de algum bug. Isso pode ser a nível de squad ou a nível de empresa mesmo, como por exemplo, para o planejamento do quarter.
Discovery: aquele processo para descobrir mais sobre o que foi analisado (e por favor, não precisa demorar eternamente)
Priorização: Dentre essas coisas, qual faz mais sentido [in]validar primeiro.
Implementação: Desenvolvimento (e por favor, não precisa demorar eternamente [2])
Lançamento: favor checar esse site se você tiver pensando em fazer um deploy na sexta: https://shouldideploy.today
E o grande ponto aqui é: quanto mais essa engranagem do ciclo de produto tiver rodando bem, mais você aprende, mais adquire repertório, e consequentemente, mais evolui o produto.
Uma provocação que adoro fazer para todos times é:
O que você prefere: errar 10x em 3 meses e aprender 10 coisas ou nesses mesmos 3 meses, errar 100x e aprender 100 coisas?
Claro, sempre vão existir as exceções. Apesar de não gostar muito do jargão, o que está em questão aqui é muito mais o “mindset” ou o princípio da coisa. O errar ali também não significa que tudo que você fizer vai dar errado né, é mais o aspecto de vivenciar o ciclo e repetir (e consequentemente, aprender e ganhar repertório).
Por exemplo, na Loft, eu tive a responsa de criar um dos princípios do capítulo de produto, e chamei ele de “Fast and Furious”. E o que ele significava?
Que a gente preferia e era muito mais produtivo testar, errar e aprender do que ficar discutindo o “sexo dos anjos” (ou discoveries infinitos).
Obs: para reforçar mais uma vez, isso não era escrito em pedra e aplicado para tudo, existiam contextos e contextos.
Nem sempre é fácil
É bom deixar claro que o ciclo não nasce azeitado. E eu gosto de separar nessas etapas justamente para conseguir identificar os gaps e onde é necessário agir. Problemas que podem contribuir para a engrenagem não funcionar muito bem:
Análise
Dificuldade em fazer análises porque não tem dados estruturados
Dificuldade em fazer análises e gerar hipóteses porque não existe conhecimento do produto/negócio
Discovery
Demora no discovery porque ele é 100% tercerizado para o time de product design (pode mostrar que a dupla PM + PD ou a estrutura da companhia não tá bem conectada)
Não explorar maneiras alternativas para fazer discoveries mais rápidos
Falta de insumos para saber por onde caminhar
Priorização
Descolamento da estratégia entre engenharia, produto e design
Falta de visibilidade do porque algo foi despriorizado
Dar mais importância para “qual framework usar?”
Implementação
Queda de braço entre versão perfeita vs. gambiarra
Nem todos os membros do time entenderam ou tem interesse na estratégia e consequentemente, não tem senso de urgência
Desenvolver sem saber qual é o objetivo
Excesso de débitos técnicos que não exigem muitos refactories
Contante mudanças de escopo na mesma sprint
PM não conseguindo ser influente no time
Cobrança/pressão da liderança diferente entre as disciplinas (PM, Devs e Design)
Lançamento
Não é possível “fasear” o lançamento
O processo de deploy é sempre doloroso e causa problemas em todo lançamento
Não ter métricas mapeadas para analisar o lançamento
Nem todos sabem ou tem o senso de urgência de prazos e datas
Deploys que quebram outras partes do produto
Falta de informação para times de suporte, que ocasiona em caos e muitas vezes nem sabem que algo foi lançado
Tudo isso sempre vai variar dependendo do contexto da empresa, estrutura de times, cultura e muito mais. Além disso, um fator que sempre influencia aqui sem sobra de dúvidas é a maturidade dos times e stakeholders.
Qual é um “tempo bom” para cada ciclo?
A resposta é aquela que você tá cansado de escutar: depende.
Mas outra provocação que gosto de fazer aos times é:
Sabendo que uma squad custa +- R$200k por mês, quanto de valor seu time tá gerando semanalmente? E mensalmente?
(usando como base 1 PM + 4 DEVS + 1 PD)
A ideia aqui não é colocar uma faca no pescoço do time, mas sim, mostrar a ordem de grandeza e o quanto um ciclo de produto azeitado pode trazer mais valor e aprendizados.
Outro comparativo é: imagine que vc tem sprints maiores que 2 semanas, nesse caso terá menos de 6 “ciclos” em um quarter. (Claro que tem coisas que não são entregues em 2 semanas, mas o ponto aqui é criar essa mentalidade de cadência, aprendizado e retorno)
Mas para não ficar só no “depende” e trazer um tempo médio entre entender/corrigir os gaps para criar uma cadência no ciclo de produto, acredito que pode variar entre 1 a 3 meses. Isso vai depender do tamanho/momento da empresa, cultura dos times e relação entre as áreas (principalmente entre engenharia/produto/design e alinhamento com stakeholders).
Já vivenciei em estruturas menores (3-4 squads), ciclos de produto que passaram a ter cadência depois de um mês de ajustes. E em estruturas maiores (+10 squads), alguns times demorarem cerca de um mês mas outros demorarem quase um quarter. Em caso de estruturas maiores, um ponto super importante é identificar quais são os times que precisam atingir essa “cadência” primeiro.
⚠️ATENÇÃO⚠️
Não conseguir enxergar mudanças/evoluções em até 3 meses é algo beeem preocupante, tanto para a evolução do produto quanto para os cofres da empresa.
(em tempos de layoffs e inverno das startups, é sempre bom relembrar)
Outro ponto também que vai interferir nisso é se é um time novo ou ajustar um já existente. Na minha experiência, times novos atacando produtos novos atingem essa cadência mais rápido. A não ser que os membros desse time novo são pessoas vindas de outros times (trazendo os problemas juntos).
Conclusões
Quanto mais dias/semanas tem uma sprint, provavelmente menos ciclos e cadência o time terá
O tempo médio entre identificar e corrigir problemas para ter uma cadência no ciclo de produto é de 1 a 3 meses
Provocação 1: errar 10x em 3 meses e aprender 10 coisas ou nesses mesmos 3 meses, errar 100x e aprender 100 coisas?
Provocação 2: quanto de valor seu time tá gerando semanalmente? E mensalmente?
Calma! Nem sempre você precisa ter todos times na mesma cadência ao mesmo tempo
Não conseguir enxergar mudanças/evoluções em até 3 meses é algo beeem preocupante.
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Exemplos reais
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