Product Hero #23 — Maria Luísa
"Não existe fórmula mágica para ser um bom Product Manager"
E ai! Esse é mais um post da Brilliant Basics, a sua newsletter sobre tópicos de produto sem filtros. Toda semana tem conteúdo novo para fomentar as mentes pensantes a criarem produtos melhores
"Não existe fórmula mágica para ser um bom Product Manager"
O Product Hero é uma série do Product Arena onde entrevistamos verdadeiros heróis e heroínas que ajudam a criar produtos incríveis no Brasil e no mundo!
O último foi o Joca Torres, Global SVP de Produtos no Gympass e você pode conferir AQUI!
Se você quer ler as mais de 40 entrevistas de Product Heroes é só clicar aqui.
Tá na hora de apresentar mais um Hero. Com vocês…
Maria Luísa!
Maria Luísa é Product Lead na Creditas, uma das fintechs mais conhecidas que busca reduzir os juros e que recebeu uma rodada de investimentos liderada pela Softbank.
Formada em Engenharia Eletrônica pela USP e Engenharia Biomédica no Politecnico di Torino e tendo feito Stanford Ignate (programa de MBA "express"), já trabalhou com produtos B2B e B2C na Medicinia, uma health tech e está há 3 anos na Creditas, focando principalmente no produto de empréstimo com garantia de veículo.
1. Como você virou Product Manager?
Comecei minha carreira em Tecnologia trabalhando em uma startup de saúde, o Medicinia. A empresa era bem pequena, e eu trabalhava “fazendo um pouco de tudo” (história da vida dos funcionários da maior parte de startups em early stage :). Meu cargo na minha carteira de trabalho era “analista de negócios”.
Na época em que entrei, estávamos iniciando um produto de gestão de leitos para hospitais. Nesse contexto, eu iniciei um mapeamento para entender quais eram as maiores dores dos hospitais em relação à gestão de leitos, então precisei entender muito sobre o processo completo deles. Para isso, conversei com muitas pessoas de diversas áreas dentro dos hospitais: médicos, enfermeiros, pessoal de Administração, equipe de limpeza de leitos, etc.
Depois disso, começamos a mapear potenciais oportunidades e hipóteses de soluções, e iterar com as equipes para entender se isso resolvia seus maiores gargalos. Na época eu não chamava nada disso de “oportunidade”, “hipótese”, não conhecia nenhuma metodologia e trabalhava de um modo não muito estruturado.
Depois de alguns meses trabalhando lá, conheci a área de Produto mais formalmente por conta de eventos da Monashees (venture capital que era um dos investidores do Medicinia).
Num belo dia, caiu a ficha: muito do que eu estava fazendo era já o trabalho de um Product Manager. Comecei a dar nomes para minhas atividades, e percebi que eu estava fazendo user research, testes de usabilidade, acompanhamento de KPIs, discovery, etc. Eu pensei “será que Product Manager é o nome real oficial da minha função?”.
Nesse momento, estávamos iniciando um outro produto, dessa vez B2C, e precisávamos entender como criá-lo do zero. Aproveitei a oportunidade para começar a entender mais dessa área que eu tinha recém conhecido. Foi a época em que eu li Lean Startup, Running Lean, The Startup Owner’s Manual, Don’t Make me Think e muitos outros livros que falavam sobre Produto, UX e startups de modo geral.
Acho que foi nesse momento em que de fato eu me senti uma “Product Manager” e comecei a me apresentar para as pessoas como “oi, eu sou a Malu, PM do Medicinia” :)
2. Como você explica seu trabalho para pessoas normais (como avós, amigos…)
Eu tento levar algum exemplo real de algum produto que as pessoas usam no dia-a-dia e faço um paralelo a partir daí.
Normalmente faço paralelos com o WhatsApp, Facebook ou Instagram.
Um bom approach que eu uso é: “Sabe quando o WhatsApp começou a mostrar os dois checks azuis, para indicar que a mensagem já tinha sido lida? Alguém dentro do time do WhatsApp precisou identificar que saber que a mensagem já foi lida era uma necessidade ou desejo de quem usava o App deles. Alguém também precisou pensar em qual era a melhor forma de mostrar que essa mensagem tinha sido lida, e pra isso provavelmente precisou falar com várias pessoas que usavam o App. Depois disso, alguém teve que incluir de fato essa funcionalidade dentro do aplicativo. E, quando essa funcionalidade ficou disponível pros usuários, alguém teve que medir qual foi o impacto dessa funcionalidade nas principais métricas de controle do WhatsApp. Normalmente, o Product Manager é quem coordena esse ciclo de identificar a oportunidade, pensar na solução, implementá-la e medir seu impacto. É isso que eu faço, mas pra outro produto :)”
3. Como é a sua rotina como Product Manager?
Uma coisa ótima sobre Produto é: não existe rotina :)
Hoje atuo como Product Lead de uma das nossas tribes, a de “Auto” (nosso nome carinhoso para a unidade de negócios que trabalha com empréstimo com garantia de veículo). Dentro da nossa tribe, gerencio um time de 5 Product Managers. Não dá pra falar de rotina, mas eu dividiria meu tempo da seguinte forma:
~40% do tempo trabalhando em conjunto com meu time de PMs: gestão de pessoas (1:1s e acompanhamento de carreira), discussões sobre a nossa estratégia de Produto num nível mais macro (tribo e empresa), “working sessions” para melhorarmos continuamente nossos processos de Produto (discovery e delivery) e cerimônias em que os ajudo com demandas específicas das iniciativas que eles estão tocando;
~40% do tempo trabalhando em conjunto com os “tribe leads” (líderes de suas respectivas áreas funcionais, como Analytics, Modelagem de Crédito, Vendas, Tech, etc) e com nossa VP da unidade de negócios de Auto: nesse contexto, discutimos/revisamos a estratégia de “Auto” e acompanhamos iniciativas grandes, que impactam a unidade de negócios como um todo. É o momento em que olhamos mais para frente (pelo menos 1 quarter pra frente), repensamos a estratégia de longo prazo, revisamos o budget e buscamos identificar eventuais oportunidades pro Business;
~20% do tempo olhando pro curto prazo: acompanhamento das métricas semanais e diárias e busca por estratégias para otimizá-las.
4. Onde você busca inspiração? (links, blogs, podcasts)
Gosto muito de livros de negócios que discutem estratégia e crescimento de gigantes de Tech. Alguns que me inspiraram bastante foram: Zero to One, How Google Works, The Everything Store e Blitzcaling. Um canal do Youtube que traz muito dessa visão é o How to Start a Startup.
Também gosto muito de conteúdos sobre liderança e como repensar continuamente a forma de encarar problemas. Alguns exemplos de livros: The Making of a Manager, Radical Candor, Lean In, Mindset e Emotional Agility. Alguns TEDs nessa linha que me inspiraram bastante: Your body language may shape who you are (meu TED preferido, que me impactou muito positivamente em termos profissionais), Grit: the power of passion and perseverance e The power of vulnerability.
Em termos de Produto, minhas maiores inspirações são Teresa Torres (que fala muito sobre continuous discovery no Product Talk), Marty Cagan (autor do Inspired, a “Bíblia” de Product Management; ele também tem um blog muito bom sobre Produto, o Silicon Valley Product Group), Barry O’Reilly (que tem um blog mara sobre Produto e startups), o canal do Mind the Product e a história do Airbnb como um todo (sou fã!).
5. Qual seu tipo de Product Manager?
Dado que Produto é a intersecção entre Business, Design/UX e Tech, me considero uma PM super business-oriented. Sou beeeem mais Business do que Design/UX ou Tech.
Dessa forma, eu tendo a buscar constantemente soluções que ajudem o Business de forma geral, o que não necessariamente envolve Tech.
Acho que esse mindset me ajuda a não me apegar a soluções específicas, e explorar melhor o universo de possibilidades capazes de resolver o problema que temos em mãos no momento.
Já ouviu nosso podcast? 🎧
Semanalmente eu e o Aíquis Rodrigues (Product Manager na Z1 e criador da newsletter O que eu ví por ai) discutimos sobre as notícias da semana que chamaram nossa atenção, sempre trazendo um olhar de produto para a discussão.
Dê o play na sua plataforma predileta:
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6. Qual foi sua maior falha? E o que você aprendeu com ela?
Foram muitas, e acho que a maior parte delas aconteceu por subestimar o valor de soft skills. Talvez o fato de eu ser engenheira tenha me feito focar muito em ser boa “tecnicamente” (conhecer metodologias de discovery, buscar frames de priorização, criar uma visão de Produto, etc) e acreditar que isso fosse o suficiente para eu conseguir o buy-in de stakeholders e partir para execução. Uma super falha!
Um dos maiores aprendizados que eu tive é de que muitas vezes o timing de outras pessoas e áreas não é necessariamente igual ao meu, e que pressionar por algum tipo de decisão ou mudança muitas vezes não é a melhor alternativa. E tudo bem! Existem diversas perspectivas possíveis para enxergar os mesmos problemas, e é importante ter empatia com outras áreas para conseguir gerenciar expectativas e criar opções que sejam valiosas para a empresa como um todo.
7. Suas dicas pra quem quer ser um Product Manager
Ame problemas (e se desapegue de soluções)
Seja super versátil e flexível, pois trabalhar com Produto é sinônimo de lidar constantemente com cenários de incerteza e informações incompletas
Bons relacionamentos com stakeholders são essenciais! (um bom livro sobre isso, pra quando estiver entrando em uma empresa nova ou fazendo transições
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